domingo, 2 de outubro de 2011


Carro e bagagem prontos. Agora é pegar estrada.

Expedição Paraíso x Cantão, acho que é assim que vou chamá-la. É uma viagem simples que será feita mais por necessidade de descansar do que explorar. Mas, honestamente, não sei fazer uma viagenzinha simples. Cada uma tem que ter um sabor especial, de busca e satisfação interior.
Vendo que eu andava meio sem ânimo para o trabalho, meu marido sugeriu que eu fizesse uma viagem para visitar meu irmão mais velho que mora em Mato Grosso, longe de telefone, de celular e Internet. A ideia me pareceu absurda. Eu, me afastar do trabalho, por puro lazer, por uma semana inteira? Levei longos quinze minutos num dilema interior muito grande. Tomei duas xícaras de café, dei umas cinquenta voltas na sala até soltar uma frase: é, acho que posso! A decisão estava tomada.
A sugestão inicial era pegar um avião até Palmas, Tocantins, alugar um carro e seguir em frente. Então, começa a fase de planejamento e levantamento de custos e trajeto. Fiz os cálculos e logo vi que se saísse de carro de Alto Paraíso gastaria o mesmo que pegar um avião até Palmas e alugar um veículo a partir daquele local. Por outro lado, uma viagem de carro para quem gosta de observar aves é sempre mais agradável de que de avião. Convidei minha irmã, Beth, para ir comigo. Topou na hora. A equipe estava formada! A data da saída marcada para 18 de outubro. Eba! Agora, mãos a obra no planejamento.
De repente bateu uma baita saudade do meu amigo Havita e da vontade que sempre compartilhamos em fazer longas expedições. Com certeza me lembrarei dele em muitas paradas, em algumas curvas do caminho, casebres na beira da estrada, árvores secas, flores, enfim tudo que possa ser transformado em imagem e despertar uma vontade de admirar e preservar a natureza.

 Rio Javaés - do outro lado  a Ilha do Bananal
 - maior ilha fluvial do mundo.
A intenção era descrever o dia-a-dia desta expedição. Até fiz dois posts a srespeito. Mudei de idéia e apaguei os posts colocados, pois fiquei tanto tempo sem escrever que as coisas mudaram.
nem preciso dizer que a expedição foi um sucesso em todos os sentidos: vi novas apisagens, conheci gente diferente, tive contato com raizes familiares e, acima de tudo, muito produtiva em termos de lifers.
Como não detalhei, gostaria de deixar algumas dicas a quem fizer uma aventura desta apara a mesma região:
- Leve roupas confortáveis de mangas compridas, chapéus e  repelentes. Apesar do grande calor que faz, é necessário se proteger de pernilongos, que são muitos e dos maruins que te atacam em nuvens, dependendo a hora do dia e local onde estiver.
- Deixe em casa o seu celular top de linha e leve um ching ling com um chip da Oi, unica operadora que tem sinal na região.
- Para contratar barcos, guias e refeições em muitos lugares, os cartões de crédito não tem muita serventia. Tenha algum cash consigo.
- Indo de carrro, um bom lugar para um pernoite é Natividade. Recomendo o Hotel Veredas. Bom, limpo e preço amigável.
Eu e Deborah Rodello - procurando
a  Águia-pescadora
-  Lagoa da Confusão recomendo a Pousada Paraíso. É o melhor custo benefício. Se preferir ficar fora da cidade a opção é a Pousada Fazenda da Praia Alta. Muito boa, no barranco do rio, boa comida. Mas não vá para lá sem antes contratar os serviços de tours e guias, senão ficará a ver navios.
- Para qualquer destino e pousada, um bom birdwatcher sempre deverá levar plugs adaptadores e réguas (extensão). Nunca há tomadas suficientes nos quartos de hotéis e pousadas para recarregar as baterias.
- Tenha sempre na mochila uma refeição de emergência. Barras de cereais, frutas desidratadas, alimento energético. Você, com certeza irá precisar.
Se fazemos um blog, temos que publicar alguma coisa, nem que seja para ver como fica. Para inaugurar este, conto um pouco da história do meu interesse pelas aves, que se confunde com a história da observação de aves na Chapada dos Veadeiros.
A primeira pessoa a me despertar o interesse pelas aves foi o amigo Fernando Lana. Nas várias reuniões das quais participávamos sempre na hora do cafezinho tínhamos oportunidade de conversar, momentos estes em que me falava do Pato Mergulhão e de como estávamos desperdiçando a oportunidade de transformar a Chapada dos Veadeiros em destino de observação de aves. Em um desses momentos me falou do Observaves, Grupo de de Observadores de Aves de Brasília. Fiquei muito interessada e solicitei minha inscrição no grupo. Logo depois me inscrevi também no Birdwatchingbr.
Bom, em vez de resgatar toda cronologia, vou apenas citar pessoas e entidades que foram, muito importantes nessa trajetória.
Fernando Lana - quem despertou em mim o interesse pela atividade
Observaves - primeiro grupo do qual participei, onde tenho hoje não só amigos virtuais, mas amigos de muitas passarinhadas.
Birwatchingbr - Grupo onde aprendi muito e fiz vários outros amigos.
Avistar - Importante fórum de atualização dos conhecimentos e onde encontramos todo mundo que de uma forma ou de outra é envolvido com observação de aves.
Paulo Boute - Com quem aprendi realmente a observar aves em campo. O Curso de Observação de Aves na Chapada dos Veadeiros, ministrado por Paulo Boute foi um marco. Desse curso participaram 30 pessoas, da Chapada dos Veadeiros e Brasília. A partir desse momento, podemos dizer que a observação de aves começou a existir na Chapada.
Havita Rigamonte - Fizemos algumas expedições e passamos horas e dias muito agradáveis. Havita é o cinegrafista ambientalista mais premiado do Brasil e através de seus filmes mostra ao mundo um pouco do universo das aves do Brasil central.
Edson Endrigo - Me ensinou a importância de ouvir e aprender os cantos das aves, embora eu não tenha bom ouvido. Seu livro, Aves da Chapada dos Veadeiros foi, até agora, a mais importante contribuição no sentido de mostrar as aves da Chapada.
Wikiaves -  Não dá mais para viver sem esse site. Ainda bem que ele existe.
Enfim, Alto Paraíso hoje tem 223 espécies registradas no Wikiaves e se torna cada vez mais um destino procurado por observadores de aves.
a imagem acima é do curso de observação de aves que fizemos com Paulo Boute